A relação entre a vida pessoal de Byron e
a sua poesia é muito estreita: o autor fala através do personagem, expondo-se
completamente. O poeta revela na literatura a própria crise existencial em que
está submerso e, sendo Byron um romântico, é um autor que se pauta pelas
paixões, muitas delas violentas e irrefreáveis. A vida de Byron é quase tão
fantástica e romântica quanto à dos personagens que criou a partir de si mesmo:
amores problemáticos, melancolia exagerada, desprezo pela sociedade que o
condena, atos que revelam uma grande vontade de liberdade e a morte na
Grécia, enquanto preparava um ataque contra os turcos, que na época dominavam o
território grego. Byron vai se tornando o paradigma de toda uma geração do romantismo,
formada por jovens em busca das mesmas aventuras e sensações. Esse fato é uma
contradição: o lorde inglês foi um rebelde que, com o passar do tempo se tornou
um modelo de conduta e de literatura. Surpreendentemente, ele se aborrece com o
fato e passa, nas suas obras posteriores, a minimizar e ironizar os personagens
que criara — talvez porque estes o deixaram demasiadamente exposto diante de
todos, talvez porque já não seja mais o único a defender e praticar esses novos
princípios. Um rebelde deixa de sê-lo quando muitos querem seguir o mesmo
caminho; para Byron, a “transformação” sofrida passando de contestador
radical a modelo de conduta foi motivo de grande irritação.
Por: Livia e Joana.